Narciso (banal)


Ele dizia não ser muito. Ele não dizia muita coisa. Não eram os sinais do corpo. Não sabia o que era ainda. Havia lhe passado os dedos pelos braços e pelas costas. Movimento continuo. Sentia-se feliz, ao mesmo tempo insegura. Não sabia onde estava pisando.

“Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Leão. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.”

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