Narciso (esperas)


Não era uma questão de sonhar. Sabia muito bem o quanto doía suas fantasias. Havia se apaixonado porque estava entediado e porque estava sem um objeto para pensar e sofrer. Sabia ainda mais que acaba cutucando as outras pessoas, que acaba despertando reações e que nem sempre, ou, na maioria das vezes, era o que esperava. Mas tinha a esperança que em uma dessas tentativas acertasse, pro seu próprio bem-ego-estar. Masoquismo sentimental again baby, parecia um dark room, escuro, corpos, liquido, já não fazia mais sentido continuar com isso, mas era tão divertido quanto pular muros, cansam, mas te dão um ar de superação.

“Perguntei se achavas que minha fantasia me doía, e se me doendo também te doía. E não disseste nada. Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.“

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