Impala (in a sentimental mood)
Não sei se você ainda passa por aqui de vez em quando. Eu sei, não tenho escrito tanto, muita ação, poucos pensamentos bonitos e românticos, a vida mudou, cara. Não sei mais quantos estão na mesma. Não sei mais o que teve parado, porque aqui dentro tudo mudou, mudou demais, não me reconheço mais nas palavras, dá uma nostalgia, saca, talvez eu precise me cuidar mais. Sim, preciso me cuidar mais, mas não sei mais o que me cuida. Tenho uma saudade de você. Tenho saudade desse tempo que as palavras, as escritas valiam mais no nosso coração. Tenho saudade das mensagens de madrugada. Mas a saudade é boa quando se tem uma chance de reviver as coisas. Não há mais chance de reviver. Não há mais chance de eu sair daqui, e mesmo que houvesse, eu não conseguiria voltar para esse tempo. Meu gosto musical mudou. Irrevogavelmente. Nem consigo ouvir mais Bon Jovi e pular com uma garrafa na mão. Passei para momentos de luto ou loucura do jazz. Alguns me dizem que mudei para melhor. E eu poderia dizer que pela quantidade de notas ouvidas, ou por conseguir cantar um pouco melhor, eu deveria concordar. Então sento no meu apartamento vazio e coloco Coltrane ou Shorter, a quantia de cigarros por dia aumenta absurdamente e eu tenho gastado tempo ocupando meu cérebro com seriados juvenis. Nada mais daquilo que me traz dificuldade, que traz incoerência reflexão, fé ou qualquer tipo de contradição. Engoli as coisas fáceis, elas não trazem dor. Gosto de pensar que tive opção, que escolhi cada momento. Mas não me lembro quando isso aconteceu. Não me lembro dos dias que decidi não sair de casa. Não me lembro quando desprogramei as rádios de rock. Não sei se você ainda passa por aqui de vez em quando. Mas sonho com você não ter mudado. É o único jeito de continuar me vendo melhor como antes.
Comentários
Saudades de ter criatividade de escrever como antes tbm.
Um beijo! (Alê)