Impala (pré-fabricada)
Essa frase ficava soando como uma canção ou mais para um assobio. Um espírito livre não se apegava as coisas. Na varanda, cinquenta passos pra baixo, contando quarenta e dois azulejos no chão, descrevendo todos os tipos de planta pois não sabia o nome de nenhuma, tocando nos oito vidros para ver qual abria. Sua mãe, que era meio budista, meio espírita dizia sempre que não podíamos nos apegar às coisas materiais. Olha para os carros lá embaixo, olha para as nuvens lá em cima. No apartamento da frente alguém estendendo roupa no varal. Carros entrando na garagem, no supermercado, na escola de judô. Nuvens para o sul, sol para oeste. Você é uma alma antiga e precisa de reclusão. O amolador passa, o vento começa a entrar pela janela, a luz é acesa. Fila de carros, no apartamento da frente fecham a cortina, a poluição esconde, no meu apartamento ninguém.
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